Os peixes partilham connosco
um sentimento universal: há sempre
um momento em que pensam que
nada está perdido.


vá lá, deixem-me lá voltar ao que estava lá em baixo a fazer…


O bacalhau aborda a morte de uma forma um bocadinho niilista, com a calma de quem está a pensar noutras coisas. Já vi outros peixes neste momento – o momento em que ainda pensam que nada estará perdido – e a onda é totalmente diferente. Alguns, nomeadamente os de sangue quasi quente como os atuns e seus familiares, lutam desalmada e violentamente a tal ponto que se torna um bocadinho perigoso andar por perto. Os bacalhaus não. Quando lhes parece claro que estão metidos numa alhada e que se calhar a coisa não vai correr bem, têm um último ímpeto descendente, um bocado como que a dizer “vá lá, deixem-me lá voltar ao que estava lá em baixo a fazer…”